Uma Patologia Chamada Nazismo
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Uma Patologia Chamada Nazismo
Por Holland Smith
O DSM-IV-R, manual diagnóstico e estatístico de doenças mentais da Associação Psiquiátrica Americana, enumera uma série de sinais e sintomas que caracterizam a maioria das doenças mentais que afligem o homem. Uma doença, entretanto, que não está categorizada, é a Síndrome do Nazismo Estúpido. O portador dessa patologia padece de um mal que carcome seu cérebro (o pouco que tem), invade seus tecidos (um tanto apodrecidos) e se instala, tal qual câncer, em todos os quadrantes do corpo. Interessante também a forma como se manifesta.
Essa instalação não é algo sutil, como o nobre câncer, por exemplo. (Entenda o nobre: perto do Nazismo Estúpido, o câncer é de uma nobreza pungente). O Nazismo Estúpido surge na mente já contaminada do paciente como uma epifânia, uma descoberta, um insight. Após entupir-se de teorias raciais abjetas e absurdas, bem ao gosto do pequeno cerebelo que possui, ele inicia a fase da “incubação”. O vírus do preconceito, do racismo – temperado com o elemento mais comum à essa patologia, o ódio – vai adquirindo proporções “tsunâmicas” até tomar o indivíduo.
De repente, ele percebe o quão poderoso é, e o quão superior é diante de certas raças – que ele já configura como sub-raça, a fim de se diferenciar. Logo, ele passa a formular as próprias teorias (se algum cérebro sobrou depois da invasão virótica) e começa a ver no outro uma ameaça. Acreditando-se ungido por Deus e membro da elite entre os homens, ele desanda a proferir os mesmos discursos que leu em “coisas” como Mein Kampf, Procolos do Sábio Sião e passa a ter S. E. Castan como um símbolo de luta contra as inverdades e as injustiças.
A essa altura, ele, no topo da “cadeia alimentar” – sim, porque é um predador – elege os alvos de sua ira. Primeiro, lógico são os judeus. Você percebe claramente quando o vírus do ódio começa a agir já que têmpera do paciente sobe. Ele fica vermelho, olhos injetados, taquicárdico ao disparar impropérios contra essa “raça imunda, nojenta, fétida, que emporcalha o mundo”. Diante da falta crônica de comunistas – outra “raça” a ser odiada – a pulsão de morte pode se voltar contra quaisquer outros: negros, nordestinos, orientais, enfim, alguém “diferente”.
Seus ídolos são Hitler, Himmler, Heyndrich, HS Chamberlain... Tem uma disfarçável admiração pelos métodos de Stálin, e certo de sua posição privilegiada na sociedade, penetra alguns mundos virtuais onde pode dar vazão à sua odiosa oratória. Ele defende, claro, o nazismo com unhas e dentes e se apropria de todas as doenças associadas a esse quadro. É paranóico, fóbico, ansioso, cleptomaníaco (de idéias, ao menos) e profundamente esquizofrênico (“Ouve a voz de Hitler”), resistente inclusive aos mais severos tratamentos.
O diagnóstico psicológico é amplo, claro e consistente. Esse indivíduo, desprovido muitas vezes do que há de mais básico no ser humano que é o vínculo com outro ser humano, padece de um imenso e profundo complexo de inferioridade que tenta compensar por meio de símbolos e ícones, tentando dar cara a ideologia que lhe serve de self. Entretanto, essa ideologia, um sincretismo pobre mas virulento de sinais emprestados de outras culturas (porque nem para criar um simbolismo próprio tem conteúdo) tem a inteireza de um balão de gás. E por isso não o nutre.
A fim de manter o “balão no ar”, esse paciente, inoculado pelo racismo e pelo preconceito doentio – matrizes da doença – e no sentido de manter um alvo, um objetivo crível a ser cultuado e pelo qual viverá, projeta toda sua incompletude, ferocidade e violência no outro. Com efeito, “mata” o outro (tanto física – indo ao extremo, como emocionalmente) e como o extermínio do outro é condição para que sua pretensa pureza não seja maculada, prossegue no massacre, elegendo novas e constantes vítimas, sem perceber que a vítima maior do processo é ele mesmo.
Ele não tem a menor sofisticação intelectual, padece do mínimo de tolerância para conviver com o contrário, não tolera a oposição seja ela qual for, é totalitário consigo mesmo (por isso, persegue a menor sombra de consideração para o com o outro) e é vítima de um profunda fragmentação de ego, muito maior que a de qualquer outra pessoa. Desse modo, tenta integrar esse ego estilhaçado, assassinando egos alheios, dos quais, aliás, vive tomando selfs emprestados. Seu objetivo de vida é ser superior, porque no íntimo pressente a baixa auto-estima que carrega, a auto-imagem horrível que possui e auto-confiança sempre ameaçada que abriga.
A Síndrome do Nazismo Estúpido, por contrário que seja à fé que lhe da forma, é muito democrática. Atinge a todas as faixas etárias, pegando dos 15 (aliás, faixa populacional preferida porque o caráter está em formação, e nada melhor que cimento podre como o nazismo para aplicar fissuras à esse caráter claudicante) aos 90 anos. Depois dessa idade, é possível justificar a patologia como corolário da senilitude que alberga o paciente, caracterizando até novo diagnóstico de demência senil ou esclerose.
O portador do Nazismo Estúpido é um ser inconsistente, altamente fissurado, que vê sua eventual construção emocional única e exclusivamente na destruição do outro. É um embotado intelectualmente, retardado mentalmente, muitas vezes inescrupuloso e desprovido de todo e qualquer senso de misericórdia e consideração para com o próximo, o que pode ser comprovado por neuroimagens que mostram o comprometimento de áreas no cérebro responsáveis pelo vínculo e afeto, infectados por idéias grandilosas de superioridade e pureza racial.
O prognóstico desse paciente é sombrio. Como qualquer doença psiquiátrica, o Nazismo Estúpido não tem cura. Seções de eletroconvulsoterapia já foram aplicados a “nazistas clássicos” mas o máximo que se conseguiu foi frear a pulsão de morte em direção ao outro. O efeito colateral foi tentativa de suicídio, devido, ao que parece, à idéia permanente de que “falhei no ódio ao outro, logo tenho ódio a mim e isso é insuportável”. Remédios e psicoterapia cognitiva falharam clamorosamente, o que nos leva a conclusão de que o quadro, uma invez instalado, só tende a progredir. Em resumo: esse paciente seria digno de pena, não fosse tão pernicioso!
O DSM-IV-R, manual diagnóstico e estatístico de doenças mentais da Associação Psiquiátrica Americana, enumera uma série de sinais e sintomas que caracterizam a maioria das doenças mentais que afligem o homem. Uma doença, entretanto, que não está categorizada, é a Síndrome do Nazismo Estúpido. O portador dessa patologia padece de um mal que carcome seu cérebro (o pouco que tem), invade seus tecidos (um tanto apodrecidos) e se instala, tal qual câncer, em todos os quadrantes do corpo. Interessante também a forma como se manifesta.
Essa instalação não é algo sutil, como o nobre câncer, por exemplo. (Entenda o nobre: perto do Nazismo Estúpido, o câncer é de uma nobreza pungente). O Nazismo Estúpido surge na mente já contaminada do paciente como uma epifânia, uma descoberta, um insight. Após entupir-se de teorias raciais abjetas e absurdas, bem ao gosto do pequeno cerebelo que possui, ele inicia a fase da “incubação”. O vírus do preconceito, do racismo – temperado com o elemento mais comum à essa patologia, o ódio – vai adquirindo proporções “tsunâmicas” até tomar o indivíduo.
De repente, ele percebe o quão poderoso é, e o quão superior é diante de certas raças – que ele já configura como sub-raça, a fim de se diferenciar. Logo, ele passa a formular as próprias teorias (se algum cérebro sobrou depois da invasão virótica) e começa a ver no outro uma ameaça. Acreditando-se ungido por Deus e membro da elite entre os homens, ele desanda a proferir os mesmos discursos que leu em “coisas” como Mein Kampf, Procolos do Sábio Sião e passa a ter S. E. Castan como um símbolo de luta contra as inverdades e as injustiças.
A essa altura, ele, no topo da “cadeia alimentar” – sim, porque é um predador – elege os alvos de sua ira. Primeiro, lógico são os judeus. Você percebe claramente quando o vírus do ódio começa a agir já que têmpera do paciente sobe. Ele fica vermelho, olhos injetados, taquicárdico ao disparar impropérios contra essa “raça imunda, nojenta, fétida, que emporcalha o mundo”. Diante da falta crônica de comunistas – outra “raça” a ser odiada – a pulsão de morte pode se voltar contra quaisquer outros: negros, nordestinos, orientais, enfim, alguém “diferente”.
Seus ídolos são Hitler, Himmler, Heyndrich, HS Chamberlain... Tem uma disfarçável admiração pelos métodos de Stálin, e certo de sua posição privilegiada na sociedade, penetra alguns mundos virtuais onde pode dar vazão à sua odiosa oratória. Ele defende, claro, o nazismo com unhas e dentes e se apropria de todas as doenças associadas a esse quadro. É paranóico, fóbico, ansioso, cleptomaníaco (de idéias, ao menos) e profundamente esquizofrênico (“Ouve a voz de Hitler”), resistente inclusive aos mais severos tratamentos.
O diagnóstico psicológico é amplo, claro e consistente. Esse indivíduo, desprovido muitas vezes do que há de mais básico no ser humano que é o vínculo com outro ser humano, padece de um imenso e profundo complexo de inferioridade que tenta compensar por meio de símbolos e ícones, tentando dar cara a ideologia que lhe serve de self. Entretanto, essa ideologia, um sincretismo pobre mas virulento de sinais emprestados de outras culturas (porque nem para criar um simbolismo próprio tem conteúdo) tem a inteireza de um balão de gás. E por isso não o nutre.
A fim de manter o “balão no ar”, esse paciente, inoculado pelo racismo e pelo preconceito doentio – matrizes da doença – e no sentido de manter um alvo, um objetivo crível a ser cultuado e pelo qual viverá, projeta toda sua incompletude, ferocidade e violência no outro. Com efeito, “mata” o outro (tanto física – indo ao extremo, como emocionalmente) e como o extermínio do outro é condição para que sua pretensa pureza não seja maculada, prossegue no massacre, elegendo novas e constantes vítimas, sem perceber que a vítima maior do processo é ele mesmo.
Ele não tem a menor sofisticação intelectual, padece do mínimo de tolerância para conviver com o contrário, não tolera a oposição seja ela qual for, é totalitário consigo mesmo (por isso, persegue a menor sombra de consideração para o com o outro) e é vítima de um profunda fragmentação de ego, muito maior que a de qualquer outra pessoa. Desse modo, tenta integrar esse ego estilhaçado, assassinando egos alheios, dos quais, aliás, vive tomando selfs emprestados. Seu objetivo de vida é ser superior, porque no íntimo pressente a baixa auto-estima que carrega, a auto-imagem horrível que possui e auto-confiança sempre ameaçada que abriga.
A Síndrome do Nazismo Estúpido, por contrário que seja à fé que lhe da forma, é muito democrática. Atinge a todas as faixas etárias, pegando dos 15 (aliás, faixa populacional preferida porque o caráter está em formação, e nada melhor que cimento podre como o nazismo para aplicar fissuras à esse caráter claudicante) aos 90 anos. Depois dessa idade, é possível justificar a patologia como corolário da senilitude que alberga o paciente, caracterizando até novo diagnóstico de demência senil ou esclerose.
O portador do Nazismo Estúpido é um ser inconsistente, altamente fissurado, que vê sua eventual construção emocional única e exclusivamente na destruição do outro. É um embotado intelectualmente, retardado mentalmente, muitas vezes inescrupuloso e desprovido de todo e qualquer senso de misericórdia e consideração para com o próximo, o que pode ser comprovado por neuroimagens que mostram o comprometimento de áreas no cérebro responsáveis pelo vínculo e afeto, infectados por idéias grandilosas de superioridade e pureza racial.
O prognóstico desse paciente é sombrio. Como qualquer doença psiquiátrica, o Nazismo Estúpido não tem cura. Seções de eletroconvulsoterapia já foram aplicados a “nazistas clássicos” mas o máximo que se conseguiu foi frear a pulsão de morte em direção ao outro. O efeito colateral foi tentativa de suicídio, devido, ao que parece, à idéia permanente de que “falhei no ódio ao outro, logo tenho ódio a mim e isso é insuportável”. Remédios e psicoterapia cognitiva falharam clamorosamente, o que nos leva a conclusão de que o quadro, uma invez instalado, só tende a progredir. Em resumo: esse paciente seria digno de pena, não fosse tão pernicioso!
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