'A Rosa Branca' resgata história dos estudantes que enfrentaram Hitler
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'A Rosa Branca' resgata história dos estudantes que enfrentaram Hitler
Seis pessoas, seis panfletos mimeografados, uns poucos mil leitores desconhecidos, a busca por liberdade e respeito. Nada mais perigoso para um regime ditatorial. Há 70 anos, em fevereiro de 1943, foram executados os primeiros membros do grupo de resistência que ficou conhecido como A Rosa Branca. Dois meses após a execução de Hans e Sophie Scholl e Christoph Probst, seguiu-se a condenação à morte de Alexander Schmorell, Willi Graf e Kurt Huber. Não se trata de escritores nem de filósofos ou de cientistas importantes, tampouco de grandes homens de Estado ou de revolucionários titânicos. Hans Scholl (1918-1943) e Christoph Probst (1919-1943) estudavam medicina na Universidade de Munique; Sophie (1921-1943) iniciara a faculdade de biologia e filosofia; Alexander Schmorell (1917-1943), amigo de infância de Probst, bem como Willi Graf (1918-1943), também estudavam medicina; Kurt Huber (1893-1943) era professor de filosofia. Juntos eles formavam o núcleo da Rosa Branca, cuja ação se resumiu fundamentalmente à produção e distribuição de panfletos contra o regime nacional-socialista. A eles se juntaram amigos, conhecidos, simpatizantes que ajudaram a distribuir os panfletos por diversas cidades alemãs. O nome A Rosa Branca foi utilizado como assinatura de quatro dos seis panfletos, mas o próprio grupo nunca usou o termo para referir-se a si mesmo.
Foi com o livro de Inge Scholl, irmã de Hans e Sophie, que essa história de resistência se tornou conhecida como A Rosa Branca. O livro foi escrito nos anos 50 e tem um caráter de recordação e de homenagem, sem pretender ser um livro histórico; sobre o movimento também foram feitos dois filmes: o primeiro foi lançado em 1982 por Michael Verhoeven (Die Weiße Rose) e se baseou em documentos pertencentes às famílias dos envolvidos; o segundo, Sophie Scholl, Die letzten Tage (2005) (conhecido no Brasil como Uma mulher contra Hitler), foi dirigido por Marc Rothemund e ganhou o Urso de Prata no Festival de Cinema de Berlim, pela direção de Rothemund e pela atuação da atriz Julia Jentsch no papel de Sophie Scholl. Enquanto o filme de Verhoeven procura mostrar a história do grupo como um todo, o segundo concentra-se no período que vai dos dias anteriores à prisão dos integrantes da Rosa Branca até sua execução, focando sempre a intensa figura humana de Sophie Scholl.
Mas se também houve outros movimentos de resistência ao nacional-socialismo na Alemanha (Jüdischer Kulturbund, Kreisauer-Kreis, Schulze-Boysen/Harnack Organisation, por exemplo), de diversas tendências políticas e religiosas, e se todos eles foram, mais cedo ou mais tarde, violentamente reprimidos pelo regime, o que faz de A Rosa Branca algo tão especial? Houve alguma mitificação dos integrantes do grupo, é verdade. Mas há também estudos históricos consistentes sobre cada um deles e sobre a época em geral — e os dados históricos não tornam a história do grupo menos impressionante. Ao contrário: a desproporção entre os meios utilizados pelo grupo e a violência do regime nazista evidencia a quase ingenuidade das ações de A Rosa Branca. E quanto mais avançam as pesquisas históricas sobre o grupo, mais elas evidenciam também sua desproporcional e luminosa grandeza humana.
Organizadoras: Tinka Reichmann e Juliana P. Perez, professoras da Área de Alemão da FFCLH/USP.
*
"A Rosa Branca"
Autor: Inge Scholl
Editora: Editora 34
Páginas: 272
FONTE: http://comunicacao.fflch.usp.br/node/3050
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