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Gerboise Bleue e Force de Frappe

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Mensagem por Clifford Carwood Lipton Qui Ago 29, 2013 6:53 am

Dorn, de onde veio o know-how para criação do programa nuclear francês ?
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Mensagem por Dornberger Sex Ago 30, 2013 9:22 am

Clifford Carwood Lipton escreveu:Dorn, de onde veio o know-how para criação do programa nuclear francês ?
Pesquisa própria e participação no Manhattan.
Na verdade, Lipton, a França foi o país pioneiro na pesquisa atômica, com Henri Becquerel descobrindo a radioatividade natural na década de 1890 e uma série de pesquisadores franceses trabalhando no tema nas décadas iniciais do século 20, com destaque para o casal Curie.
Polonesa de nascimento, Madame Curie ganhou dois prêmios Nobel por seu trabalho sobre radioatividade. Ela também foi a pioneira no uso "militar" de radioatividade, a saber, o estabelecimento do serviço de radiografia do Exército francês durante a Primeira Grande Guerra, inclusive com aparelhos móveis de raio-X para atender aos hospitais de campanha:
Gerboise Bleue e Force de Frappe Marie_Curie_-_Mobile_X-Ray-Unit
Na década de 1930 a França tinha uma estrutura de pesquisa nuclear comparável, e no campo da Física experimental superior, à Alemanha. O país tinha o único acelerador de partículas de grande porte da Europa continental, o Cíclotron do Collège de France em Paris, construido em 1937 pela equipe de Frédéric Joliot-Curie (ex-assistente e genro de Madame Curie) ocupando 4 pisos do porão do prédio. A Alemanha só foi ter um cíclotron operacional em 1944, tarde demais para ter qualquer uso no programa nuclear nazista.
Frédéric Joliot-Curie, ganhador do Nobel em 1935, trabalhou na teoria da construção de um reator atômico baseado em urânio e água pesada. O nome dele é citado na carta que Einstein enviou ao Presidente Roosevelt em 1939, que deu início ao Projeto Manhattan.
Com a queda da França a pesquisa atômica no país foi paralisada. Jolliot-Curie acabou preso, menos por seu papel científico do que por sua notória militância comunista, e ironicamente acabou solto por intervenção de dois cientistas alemães, Walther Bothe e Wolfgang Gentner, que tinham ido a Paris para estudar o Cíclotron do Collège de France. Jolliot-Curie caiu na clandestinidade e passou o resto da guerra fabricando coquetéis Molotov para a resistência.
Outro ex-assistente de Madame Curie, Bertrand Goldschmidt, é considerado o pai da bomba atômica francesa. Prisioneiro de guerra dos alemães em 1940, ele foi libertado e emigrou para os EUA em 1941, uma providência sábia para um judeu vivendo em Vichy.
Em Chicago ele fez parte da equipe de Enrico Fermi que colocou em operação o primeiro reator nuclear do mundo e fez parte da equipe PUREX que desenvolveu o processo de refino do plutônio. O status de pupilo da lendária Madame Curie lhe permitiu ser o único cidadão francês a fazer parte do Projeto Manhattan americano.
Posteriormente ele se transferiu para a parte canadense do Manhattan, onde com outros cientistas franceses participou da construção do primeiro reator canadense.
De volta à França em 1946, Goldschmidt participou da criação da Comissão Francesa de Energia Atômica e em 1949 extraiu plutônio do combustível reprocessado do reator Zoé, que Jolliot -Curie tinha projetado e construido em 1947-1948.
Jolliot-Curie, que como bom comunista era também espião soviético, repassou aos seus mestres toda a informação obtida pelos franceses no Manhattan mais suas próprias pesquisas. Foi o primeiro chefe da Comissão Francesa de Energia Atômica até ser expurgado por De Gaulle em 1950. Seus serviços à sua mãe-pátria ideológica lhe valeram o Prêmio Stalin da Paz (sim, isso existiu...).
O programa nuclear francês a princípio tinha foco civil: pesquisa e produção de energia.
Isso mudou em 1956 com a Crise de Suez, quando a intervenção dos americanos deixou claro que a França tinha se tornado uma potência de segunda classe. Um programa nuclear militar foi instalado às pressas, ganhando prioridade absoluta com a volta de De Gaulle à presidência em 1958.
No campo militar, o pensador mais influente no estabelecimento da Force de Frappe foi o brigadeiro Pierre Marie Gallois, um linha-dura que tripulou bombardeiros da RAF em missões contra a Alemanha e serviu no SHAEF no pós-guerra, onde trabalhou nas consequências estratégicas das armas nucleares. Ele advogava desde 1953 o conceito de "dissuasão pessoal do forte contra o fraco" e teve uma conferência decisiva com De Gaulle logo após Suez.
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Mensagem por Clifford Carwood Lipton Sex Ago 30, 2013 10:05 am

Muito legal, Dorn, obrigado!

Podemos dizer que a França caminhou com suas próprias pernas. Eu li sobre o conceito de dissuasão pessoal do forte contra o fraco e o achei de certa forma, vingativo....mais ou menos: "Matarei um milhão de pessoas naquela cidade, porque destruíram minha força aérea"....
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Mensagem por Dornberger Sex Ago 30, 2013 2:50 pm

Clifford Carwood Lipton escreveu:Muito legal, Dorn, obrigado!

Podemos dizer que a França caminhou com suas próprias pernas. Eu li sobre o conceito de dissuasão pessoal do forte contra o fraco e o achei de certa forma, vingativo....mais ou menos: "Matarei um milhão de pessoas naquela cidade, porque destruíram minha força aérea"....
Gallois colocava a coisa da seguinte forma: "digamos que na pior das hipóteses a França consiga retaliar destruindo 10 cidades russas. Que motivo de hostilidade os russos tem contra os franceses que valha a destruição de 10 das suas cidades?"
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Mensagem por Clifford Carwood Lipton Sex Ago 30, 2013 2:53 pm

Premio Stalin da Paz é foda.
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Mensagem por Dornberger Sex Ago 30, 2013 3:38 pm

Clifford Carwood Lipton escreveu:Premio Stalin da Paz é foda.
Jorge Amado e Oscar Niemeyer também ganharam...
Depois da morte do carniceiro e das denúncias de Kruschev o prêmio foi renomeado Prêmio Lênin e continuou sendo distribuido até 1990.
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