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Império Britânico - Século XVI

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Mensagem por Winston Churchill Qua maio 22, 2013 8:50 pm

As primeiras aspirações transoceânicas da Inglaterra ocorreram durante o reinado de Henrique VII, no final do século XV, quando o mercado de especiarias do oriente trouxe o primeiro ímpeto de interesse. Especiarias eram incrivelmente valiosas e melhoravam o sabor na cozinha.
Especiarias do oriente literalmente valiam mais que seu peso em ouro. Os venezianos dominavam as tradicionais rotas da seda na Europa, indo pelo Mar Negro e o leste do Mediterrâneo. Os portugueses buscavam uma rota alternativa pelo Cabo da Boa Esperança. Os espanhóis tentavam encontrar sua rota viajando a oeste mas acabaram esbarrando no Novo Mundo. Enquanto essas potências europeias buscavam seus caminhos, a Inglaterra tentava uma passagem a noroeste para o oriente através do gelado norte do Novo mundo. Como a Inglaterra ainda não possuía o conhecimento marítimo necessário para tais empreitadas, trouxe do continente a ajuda. Henrique VII contratou o navegador italiano John Cabot (Zuan Chabotto) para liderar o esforço inicial inglês. John Cabot e, mais tarde, seu filho Sebastian, não encontraram uma passagem pelo norte do Novo Mundo ou tampouco produtos de interesse nas terras descobertas a oeste, a não ser a boa área de pesca em Newfoundland.

Ironicamente, o fracasso dos Cabot foi o que tornou possível o sucesso marítimo inglês já que, atraídos pelos bancos de pesca do novo mundo, pescadores ingleses passaram a viajar constantemente para essas áreas, construindo assim o conhecimento marítimo do marinheiro inglês e levando exploradores elisabetanos como Raleigh e Drake ao sucesso.

As ambições imperiais da Inglaterra foram bastante limitadas na primeira metade do século XVI, mas tiveram um aumento significativo na segunda metade. Henrique VIII parecia mais interessado nas questões europeias do que em exploração e comércio de longa distancia, entretanto foram suas políticas que ajudaram a criar uma base forte para futuras explorações inglesas. Em particular, Henrique investiu pesadamente na Marinha e na fortificação costeira do reino. Isso foi largamente financiado pelo dinheiro conseguido na dissolução dos monastérios e na declaração dele como Chefe da Igreja da Inglaterra. Esta reforma inglesa foi um grande catalisador, especialmente durante o reinado de Elizabeth, já que o que se tinha era uma Inglaterra protestante precisando sobreviver contra os rivais católicos em geral – e a Espanha em particular. Henrique VIII não previu que seu reinado traria tantas transformações que mudaram a sorte da Inglaterra nos tempos vindouros.

A iniciativa da exploração no século XVI começou na Península Ibérica. Portugal e Espanha lideraram a busca, a riqueza que ambos os reinos captaram fez outros países europeus invejarem seu sucesso. Henrique VIII não era completamente contra se juntar ao jogo da exploração e deu permissão para que Sir Hugh Willoughby tentasse encontrar uma passagem a nordeste entre os gelados mares do ártico, enquanto John Rut tentaria encontrar uma passagem pelo noroeste. A falha de ambos exploradores, combinados com o aumento da tensão com os franceses, levou Henrique a deixar a corrida marítima para depois. Seu principal sucesso ocorreu na Irlanda, onde se tornou o primeiro monarca inglês a ser considerado Rei e recebendo tributos da maioria dos lordes irlandeses. Esse foi um pequeno sucesso da Família Real nas relações anglo-irlandesas que veria uma deterioração durante o reinado de Elizabeth.

O protestante Eduardo VI tinha apenas 10 anos de idade quando ascendeu ao trono e logo buscou retomar as explorações, trazendo o agora venerável Sebastian Cabot para a Inglaterra. Cabot trabalhou por muitos anos com as coroas portuguesa e espanhola em suas mais avançadas explorações, assim trazendo uma grande quantidade de informação e experiência de campo para os ingleses. Essas informações foram usadas por exploradores como Thomas Wyndham e John Locke, que tentaram comerciar na costa da Guiné. Sir Hugh Willoughby retomou a tentativa de encontrar uma passagem pelo nordeste junto com Richard Chancellor. Sir Hugh morreu no Artico, mas Richard Chancellor conseguiu chegar à Corte dos Tsars russos em Moscou. Apesar deste não ser o objetivo original da empreitada, ele gerou interesse em tentar descobrir uma rota fluvial para o oriente pelo interior da Rússia. Foi também durante o reinado de Eduardo que o primeiro conceito de colonos e plantações foi executado na Irlanda. Essas plantações foram depois replicadas e usadas como modelo para colonizações inglesas no Novo Mundo e no Caribe. Eduardo morreu aos 15 anos, antes que suas ambições imperiais pudessem ser realizadas.

A ascensão de Mary trouxe a possibilidade de uma mudança a longo prazo nas ambições imperiais inglesas. Isso especialmente devido a Mary ter se casado com o herdeiro do trono espanhol e ter acesso a um dos mais poderosos impérios coloniais da época. Entretanto, Mary investiu suas energias em restabelecer o catolicismo na Inglaterra ao invés de buscar novas terras e oportunidades, isso provocou a ira de muitos e uma grande suspeita contra seu marido espanhol. Essa suspeita aumentou quando Mary aceitou a perda de seu último bastião continental, Calais, enquanto dava apoio a seu marido em uma guerra contra a França. Esse foi o fim do império continental inglês e deixou a porta aberta para Elizabeth, que ascendeu ao trono meses depois da perda de Calais.

O reinado de Elizabeth foi realmente transformador para a história inglesa de exploração e criação do império. Existem várias razões para isso, mas todas facilitadas pelo maciço aumento do conhecimento naval pelos marinheiros durante este século, que foram estimulados pela visão das riquezas despejadas em Portugal e na Espanha como resultado de suas navegações. Elizabeth foi diplomaticamente tímida com a Espanha, que considerava sua grande rival. Isso ocorreu graças ao fato de que a tradicional rival da França estava paralisada por sua própria luta reformatória interna, além da grande atividade espanhola nos países baixos, tradicionais parceiros comerciais ingleses. Elizabeth queria evitar qualquer conflito com os espanhóis para não gerar uma guerra aberta com a Inglaterra, mas isso mostrou-se efetivamente falho. Foi durante seu reinado que John Hawkins tentou quebrar o monopólio ibérico do comercio entre a Africa e o Novo Mundo. Quando ele e seu primo Francis Drake foram atacados em San Juan de Ulua em 1568, as atitudes inglesas quanto à Espanha mudaram radicalmente. Marinheiros ingleses consideraram dever patriótico o ataque a navios e colônias espanholas, assim como a pirataria tornou-se uma ferramenta de Estado. Francis Drake tornou-se um adepto dessa pratica e atacou possessões espanholas impunemente.

Sua ousada circunavegação do planeta foi especialmente planejada para ganhar acesso à prata espanhola e tesouros no Oceano Pacífico, mas ele fez muito mais. Primeiramente Drake reclamou e estabeleceu novas colônias: Ilha Elizabeth no Estreito de Magalhaes e Nova Albion na costa oeste da América. Mesmo não sendo locais povoados, esta atitude gerou uma corrida para reclamar outros territórios à Inglaterra feitos por navegadores como Humphrey Gilbert e Walter Raleigh. Depois, Drake trouxe especiarias à Inglaterra junto com os tesouros espanhóis saqueados. Essas especiarias acenderam a imaginação de mercadores ingleses como James Lancaster que buscou, à sua maneira, quebrar o monopólio português sobre os produtos. Drake também se juntou a outros navegadores ingleses na procura de uma passagem noroeste pelo lado do Pacífico, mas ela foi tão infrutífera como para quem tentou pelo lado do Atlântico.

O século XVI viu a Inglaterra deixar de ser um país que cambaleava nas viagens exploratórias para ser uma das principais nações com ambição e conhecimento necessários para rivalizar com outras potências europeias. A procura pelas passagens ao norte dominaram a estratégia e o pensamento ingleses durante o século XVI, no qual buscavam sua rota perfeita como Portugal e Espanha o fizeram. Os ingleses se transformaram em uma poderosa força naval, mas foi primeiramente um força militar que prevaleceu sobre os espanhóis mais do que propriamente uma força exploratória em busca de riquezas. Foi também assim que os holandeses começaram sua caçada às rotas e postos portugueses. Foi apenas no século XVII que os ingleses realmente começaram o processo de obter colônias longínquas, voltadas para o comércio com o Oriente e o Novo Mundo.

FONTE: Luscombe, S. 2012. Timeline [online], britishempire.co.uk [Accessed 24/04/2013]
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